Tempo de colocar os óculos e olhar com cautela as opções em bolsa
Por: Gustavo Kahil
26/08/09 - 14h09
InfoMoney
SÃO PAULO - Como acertar em cheio a ação que vai subir? Esta é a pergunta que tira o sono - e tira mesmo - de analistas e investidores todos os dias. Porém a sorte também é uma variável que, às vezes, pode levar um investidor a nomear-se o novo Warren Buffett, um exímio stock-picker.
O dia 27 de outubro de 2008 marcou a menor pontuação do Ibovespa desde o início da crise financeira internacional. A escolha de qualquer papel neste dia (salvo algumas exceções como Telesp, Telemar e Brasil Telecom) representou uma decisão que certamente trouxe grande valorização.
Cerca de dez meses depois, o índice quase alcançou o patamar dos 58 mil pontos, o que representa uma valorização próxima de 100%, e muito antes de qualquer definição de longo prazo. Mas este olhar para o investimento em bolsa é míope. Grande parte do crescimento do índice ao longo do período deve-se ao retorno dos recursos à renda variável.
Em 2009, o saldo dos investidores da movimentação dos investidores estrangeiros está positivo em R$ 14,067 bilhões, muito diferente dos saldos negativos de R$ 24,629 bilhões vistos em 2008 e de R$ 4,235 bilhões em 2009. Muitos fatores explicam o fôlego da bolsa neste período.
A agulha no Ibovespa
Praticamente todas ações subiram. Mas, mesmo assim, há sempre espaço para um prêmio ao investidor que pesquisou bem. "Como o mercado está mais dinâmico, o acompanhamento exige cada vez mais técnica para que o investidor não caia no comum", avalia André Paes, gestor de renda variável da Infinity Asset. "A carona já foi dada, agora é mais para especialistas", explica.
Paes, na verdade, não recomenda a aplicação direta em bolsa. Para ele, a ideia mais sensata é a de confiar para os gestores a decisão de escolha dos papéis. "Nunca aconselho o investidor pessoa física a comprar de forma direta. Ele não tem ferramentas para fazer uma análise fundamentalista correta e chegar ao stock picking", diz. Indagado sobre a sua estratégia, Paes afirma que já tem revisto posições.
"Estivemos bem comprados no setor de varejo e agora diminuímos porque valorizou muito. Ficamos um pouco mais conservadores. Diminuímos bem bancos também. Voltamos um pouco mais para a posição nas empresas que estão com valuation atraentes", diz Paes. Leonardo Boguszewski, analista de renda variável da Paraná Banco Fundos, também lembra que realmente não há como acertar no alvo sem esforço.
Mais trabalho
"O investidor hoje tem que tomar cuidado para buscar também este movimento na alta. Precisa simplesmente fazer a lição de casa, ler e se informar sobre a empresa na qual tem interesse porque certamente ainda há coisa boa na bolsa. Mas só com muita leitura", diz. Adepto do Buy & Hold, Boguszewski diz que as revisões que fez em carteira foram apenas para adicionar papéis.
"O pessoal aqui está trabalhando em dobro para achar empresas baratas. Mas não há muitas empresas que estão muito acima do valor justo, talvez as expectativas estejam um pouco antecipadas. Mas é natural. Sempre estaremos alocados em bolsa. O upside vai diminuir. Não temos mais como falar de alta de 100% a 200%", diz. Recente relatório publicado pelo Citigroup também aponta as vantagens do stock-picking.
De acordo com o estudo, na análise iniciada dos anos 90, até 2008, a estratégia do stock-picking ganha na maioria dos anos. Entretanto, tal realidade só funciona quando a volatilidade é pequena, o que não aconteceu durante os anos de 1999-2000 e 2008. "Um bom stock-picking gera o melhor retorno absoluto no médio prazo quando a volatilidade das ações e as correlações caem", explica.
Desta forma, para ficar acima da média do mercado, agora, só com uma análise profunda.
O dia 27 de outubro de 2008 marcou a menor pontuação do Ibovespa desde o início da crise financeira internacional. A escolha de qualquer papel neste dia (salvo algumas exceções como Telesp, Telemar e Brasil Telecom) representou uma decisão que certamente trouxe grande valorização.
Cerca de dez meses depois, o índice quase alcançou o patamar dos 58 mil pontos, o que representa uma valorização próxima de 100%, e muito antes de qualquer definição de longo prazo. Mas este olhar para o investimento em bolsa é míope. Grande parte do crescimento do índice ao longo do período deve-se ao retorno dos recursos à renda variável.
Em 2009, o saldo dos investidores da movimentação dos investidores estrangeiros está positivo em R$ 14,067 bilhões, muito diferente dos saldos negativos de R$ 24,629 bilhões vistos em 2008 e de R$ 4,235 bilhões em 2009. Muitos fatores explicam o fôlego da bolsa neste período.
A agulha no Ibovespa
Praticamente todas ações subiram. Mas, mesmo assim, há sempre espaço para um prêmio ao investidor que pesquisou bem. "Como o mercado está mais dinâmico, o acompanhamento exige cada vez mais técnica para que o investidor não caia no comum", avalia André Paes, gestor de renda variável da Infinity Asset. "A carona já foi dada, agora é mais para especialistas", explica.
Paes, na verdade, não recomenda a aplicação direta em bolsa. Para ele, a ideia mais sensata é a de confiar para os gestores a decisão de escolha dos papéis. "Nunca aconselho o investidor pessoa física a comprar de forma direta. Ele não tem ferramentas para fazer uma análise fundamentalista correta e chegar ao stock picking", diz. Indagado sobre a sua estratégia, Paes afirma que já tem revisto posições.
Desempenho entre 27/10/08 e 24/08/09 |
Fonte: InfoMoney |
Mais trabalho
"O investidor hoje tem que tomar cuidado para buscar também este movimento na alta. Precisa simplesmente fazer a lição de casa, ler e se informar sobre a empresa na qual tem interesse porque certamente ainda há coisa boa na bolsa. Mas só com muita leitura", diz. Adepto do Buy & Hold, Boguszewski diz que as revisões que fez em carteira foram apenas para adicionar papéis.
"O pessoal aqui está trabalhando em dobro para achar empresas baratas. Mas não há muitas empresas que estão muito acima do valor justo, talvez as expectativas estejam um pouco antecipadas. Mas é natural. Sempre estaremos alocados em bolsa. O upside vai diminuir. Não temos mais como falar de alta de 100% a 200%", diz. Recente relatório publicado pelo Citigroup também aponta as vantagens do stock-picking.
De acordo com o estudo, na análise iniciada dos anos 90, até 2008, a estratégia do stock-picking ganha na maioria dos anos. Entretanto, tal realidade só funciona quando a volatilidade é pequena, o que não aconteceu durante os anos de 1999-2000 e 2008. "Um bom stock-picking gera o melhor retorno absoluto no médio prazo quando a volatilidade das ações e as correlações caem", explica.
Desta forma, para ficar acima da média do mercado, agora, só com uma análise profunda.