quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Recuperação econômica, Ibovespa aos 80 mil: as previsões para 2010 do Citi

Recuperação econômica, Ibovespa aos 80 mil: as previsões para 2010 do Citi

Por: Equipe InfoMoney
10/11/09 - 21h05
InfoMoney

SÃO PAULO - Desemprego em alta, prejuízos corporativos, recessão: lá fora, o fim da crise ainda parece estar em um horizonte distante - embora o clima seja consideravelmente melhor. Simultaneamente, as principais bolsas latino-americanas registram sua melhor performance há anos.

O Ibovespa contabiliza em 2009 uma valorização de mais de 76%. O Merval, principal índice da bolsa argentina, acumula ganhos de nada menos que 110%. Performances semelhantes dão o tom das bolsas no México, Chile e Peru.

Os pessimistas temem um forte movimento de realização por vir; os ainda mais pessimistas especulam sobre uma possível bolha no continente. Mas tais opiniões são descartadas pelo Citi, cuja equipe de análise aposta em um cenário justamente oposto: a manutenção de ganhos pelas bolsas da América Latina em 2010, ainda que em um ritmo mais moderado.

Eleições e Fed no foco dos investidores
À medida que 2009 se aproxima de seu fim, projeções já começam a ser delineadas para o ano que se põe à frente. E no caso da América Latina, uma principal variável em 2010 será as eleições presidenciais, que dominarão a agenda de países como Chile, Colômbia, Peru e Brasil.

Não faz muito tempo que eleições no continente despertavam grande temor entre os investidores. Na visão do Citi, no entanto, são quase águas passadas. "Certa volatilidade é esperada, mas um risco em longo prazo ao redor de tais eleições é baixo", afirma a equipe do banco.

Nos EUA, todos os olhos estarão voltados ao Federal Reserve. Quando a autoridade monetária voltará a implementar uma política de aperto monetário no país é hoje uma das questões mais importantes que pairam sobre analistas e investidores. O palpite do Citi é para meados de 2010.

E como não poderia deixar de ser, os mercados deverão reagir a tal elevação na Fed Funds Rate. Mas para os analistas do Citi, não por muito tempo. "As ações devem sofrer um leve ajuste frente à ação do Fed, mas o rali deve ser retomado no decorrer do ciclo de aperto monetário", prevê o banco.

Brasil se destaca entre projeções otimistas...
O tom otimista do relatório formulado pelo Citi estende-se às projeções macroeconômicas. As perspectivas dos analistas consistem em um crescimento de 3,1% em 2010 para o PIB (Produto Interno Bruto) mundial, puxado principalmente pelos países emergentes, que deverão registrar uma expansão de 5,6%.

A América Latina não fica de fora de tal panorama de recuperação. De acordo com os cálculos do Citi, o continente deverá crescer 4,2% em 2010, em uma performance influenciada principalmente pelas economias peruana e brasileira: ambas deverão reportar crescimento de mais de 5% no ano que vem.

Economia em ascensão significa, salvo raras exceções, bons resultados corporativos. De fato, a equipe do Citi espera que a média do lucro por papel no mercado de ações latino-americano cresça 27,5% em 2010. E mais uma vez, o Brasil é destaque: por aqui, tal expansão deverá ser de 32,5%.

...e segue no posto de top pick
Desse modo, o Citi mantém o Brasil como sua top pick entre os mercados do continente, ainda que os ganhos da bolsa brasileira devam ser mais modestos em 2010 do que vem sendo nesse ano. A estimativa do Citi é de que o Ibovespa, seu principal índice, conclua o ano que vem na casa dos 80.000 pontos.

Do subprime aos emergentes: qual o próximo alvo das bolhas de liquidez?

Do subprime aos emergentes: qual o próximo alvo das bolhas de liquidez?

Por: Equipe InfoMoney
11/11/09 - 11h40
InfoMoney

SÃO PAULO - Uma sequência de bolhas, causadas pelo excesso de liquidez: assim Patrick Artus, analista do banco francês Natixis, vê os fluxos de capital no mercado internacional nos últimos seis anos.

Liquidez não é negativa, mas seu excesso sim. Combinada a um cenário macroeconômico internacional de subutilização de capacidade, definido por altos níveis de investimento e baixas taxas de ocupação, o resultado é a formação de bolhas nos preços de ativos.

A primeira foi a do mercado imobiliário norte-americano, que ocasionou - e ainda ocasiona - uma crise de proporções históricas tanto nas praças financeiras quanto nas principais economias do mundo. Se a liquidez segue excessiva - tal é a tese de Artus -, é apenas questão de tempo para que uma nova bolha surja. Mas aonde?

Dos EUA aos emergentes
Entre 2003 e 2007, o excesso de liquidez no mundo foi absorvido pelo mercado imobiliário dos EUA. Bancos expandiram a concessão de empréstimos no setor, resultando em uma disparada nos preços dos imóveis. A bolha estourou em 2007 e levou consigo instituições de peso e economias, emergentes e desenvolvidas.

Frente às turbulências, os bancos centrais das economias desenvolvidas reduziram suas taxas básicas de juros a mínimas históricas, ocasionando um forte redirecionamento dos fluxos de capital aos países emergentes. O resultado foi uma expressiva alta nos preços dos ativos em tais mercados.

Os números do Ibovespa confirmam a tese de Artus. O principal índice da bolsa brasileira vem subindo mais de 76% neste ano de 2009, desempenho em muito superior ao registrado nas praças de Wall Street e da Europa.

Soma-se a esta fórmula mais um componente: a atuação dos bancos centrais de países emergentes, que para impedir uma maior depreciação do dólar frente às suas moedas, vem bancando uma acumulação maciça de reservas nacionais. "Tal circulação de capital posiciona a bolha em tais mercados", afirma Artus.

Dos emergentes para aonde?
Desta forma, Artus acredita que, atualmente, a bolha esteja localizada em commodities, ativos e títulos governamentais de países emergentes. Entretanto, o analista prevê um novo reposicionamento, dado "uma constatação de que os valuations em tais mercados estão muito altos".

Outro fator citado por Artus é a de que medidas sejam adotadas por países emergentes para que o ingresso de capitais seja controlado. O Brasil foi o primeiro a tomar tal decisão: em outubro deste ano, o capital estrangeiro aplicado em renda fixa e ações passou a ser taxado em 2% com o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Assim, Artus traça dois possíveis cenários de redirecionamento dos fluxos de capital no mundo. O primeiro prevê uma bolha nos preços de commodities, uma vez que os investidores podem enxergar tal mercado como uma boa forma de se manterem atrelados às economias emergentes.

"Mas se, por sua vez, os preços de commodities também se mostrarem excessivamente altos, os investidores poderão realocar suas posições em direção a títulos mais baratos nos EUA e na Europa, onde uma nova bolha poderia, então, surgir", prevê o analista do banco Natixis.

Bolha no Brasil: possibilidade preocupa analistas e dita ações do governo

Bolha no Brasil: possibilidade preocupa analistas e dita ações do governo

Por: Giulia Santos Camillo
12/11/09 - 12h07
InfoMoney

SÃO PAULO - O mundo está vivendo a mãe de todas as bolhas de carry trade que, quando estourar, vai levar ao maior colapso coordenado de todos os tempos.

Permeada pelo pessimismo característico de Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova York e CEO (Chief Economist Officer) do RGE Monitor, a previsão levou os olhos do mercado novamente para a possibilidade de formação de uma bolha a partir do rali nos ativos de risco de mercados emergentes.

As projeções do professor partem do pressuposto de que os investidores estão tomando empréstimos em dólares para aplicação em outros mercados, visando o ganho referente ao diferencial entre as taxas de juros - operação conhecida como carry trade.

A bolha no Brasil
Como era de se esperar, o Brasil está entre os mercados que têm recebido as aplicações estrangeiras. Não à toa, o fluxo de recursos internacionais acumulado entre janeiro e outubro está positivo em aproximadamente R$ 19 bilhões. O volume médio diário de negócios atingiu R$ 7,346 bilhões no mês passado, bem acima do registrado em outubro de 2008, de R$ 5,32 bilhões. O Ibovespa subiu 63,4% nos 10 primeiros meses do ano; o dólar caiu 25% frente ao real.

Desde o começo do rali na bolsa paulista, é clara a noção de que a retomada foi conduzida pelos investidores estrangeiros. Caso a projeção de Roubini se concretize e a alta seja realmente uma bolha, o mercado - brasileiro e mundial - enfrentará uma quebra forte dentro de seis meses ou um ano.

De acordo com Eduardo Miziara, analista de renda variável do BNP Paribas, os números acumulados no ano representam motivos de preocupação. "Mesmo que o governo e economistas, quando alertados sobre esse tema, afirmem (com boa dose de razão) que o Brasil é vítima do próprio sucesso, não podemos ignorar que hoje o País é um dos principais (se não for o maior) alvos dos recursos de carry trade", afirma.

Miziara completa informando que "esse capital não é dos mais saudáveis". Segundo ele, a China controla o câmbio, a Índia tem restrições à entrada de capitais, e o Brasil é o mais liberal entre os membros do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). "Isso atrai os fluxos de capitais, mas deixa vulnerabilidades".

O G-20, o IOF e a bolha
A percepção de que há algo errado com o fluxo de capitais internacionais também permeou a reunião do G-20 no último fim de semana, embora nada concreto tenha sido decidido para conter o desequilíbrio do fluxo dos países desenvolvidos em direção aos emergentes. "Isso não quer dizer que nada será feito nesse sentido, mas apenas que as ações serão provavelmente independentes", afirma Mauro Rached, chefe de análise macroeconômica do BNP Paribas.

"Depois que o Brasil impôs o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre investimento estrangeiro em portfólios financeiros, cresceram as discussões sobre as formas de conter tais fluxos. Países como Coreia, Tailândia, Turquia, Colômbia e até a deficitária África do Sul têm atuado de alguma forma para tentar atenuar os efeitos do ingresso de capitais sobre as suas moedas e as suas políticas monetárias", completa.

Segundo Rached, é necessário monitorar os desdobramentos desse assunto, já que rumores sobre uma ação coordenada em relação aos fluxos de capital poderia ter impacto negativo sobre os ativos de mercados emergentes - tanto ações quanto moeda. Por enquanto, ao menos em relação ao Brasil, é certo que as medidas devem ser levadas a sério, já que a preocupação acerca de uma bolha é comum tanto a investidores e analistas quanto a autoridades monetárias.

Na última terça-feira (10), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a taxação de IOF visa reduzir riscos futuros de bolhas e desvalorização ainda maior do dólar. "O que não queremos é que haja exagero de aplicações. Garantimos que não haverá bolhas na bolsa e nem excesso de valorização da moeda brasileira", assegurou.

Fundamentos, não bolhas
Há, por outro lado, aqueles que ainda apostam que o rali é inflado pelos fundamentos e não representa uma bolha. Entre eles, está o estrategista Jeffrey Palma, do banco UBS. "Nós não estamos no campo da 'bolha de ativos'. Na nossa visão, o rali nos ativos de risco tem sido justificado, baseado em uma precificação de recuperação do colapso do sistema financeiro, confiança na recuperação econômica e normalização dos valuations das ações de níveis pressionados".

Junto com Palma alinha-se o investidor Jim Rogers, conhecido por ter previsto o início do rali das commodities, em 1999. Segundo ele, Nouriel Roubini está errado em relação à ameaça de bolha nos mercados emergentes. Ao ser questionado sobre a questão, em entrevista à rede de televisão Bloomberg, Rogers respondeu com outra pergunta: "que bolha?", completando que "está claro que o Sr. Roubini não fez sua tarefa, de novo".

Especificamente em relação ao Brasil, no final de outubro, a MCM já havia manifestado a opinião de que não há bolhas no mercado de ações. Na última terça-feira, foi a vez do Citigroup dizer o mesmo, escolhendo o País como sua top pick entre os mercados latino-americanos. A estimativa do banco é de que o Ibovespa chegue a 80 mil pontos ao final de 2010.